WE SURVIVED THE INKA TRAIL

Terminamos hoje o caminho inca que vai de Ollaytaytambo (km82) ate Machu Pichu. Foram quatro dias de trekking exaustivos mas que em tudo valeram a pena. Fizemos o percurso com uma das melhores companhias de Cusco, a Perutrecks, num grupo de 13 pessoas, o que a partida poderia parecer um mau presagio. Afinal nao foi. Correu tudo muito bem.
O primeiro dia foi suave. Tomamos um pequeno almoco reforcado em Ollaytaytambo e partimos de bus em direccao ao famoso km82. Ai comecou o percurso. Munidos do carimbo de entrada do trilho inca, no passaporte, comecamos por atravessar o rio Urubamba a caminho das montanhas. A aventura comecou. O primeiro dia foi acessivel. O trilho e pouco inclinado e com bastantes paragens para apreciar as ruinas incas. O nosso grupo inclui uma familia composta por um casal de meia idade e tres filhos dos EUA, uma terapeuta da fala, tambem norte-americana, uma colombiana, um casal americano (embora ele seja de ascendencia chinesa) e dois polacos. O grupo e muito heterogeneo mas toda a gente (excepto nos) parece ser endinheirado!!
E incrivel como ao longo do trilho os carregadores de altitude saltitam sobre o caminho inca como plumas. Levam entre 20 e 25kg de carga e correm a nossa frente. Quase nenhum fala espanhol. Todos falam quechua mas sao muito simpaticos e prestativos. Nas horas das refeicoes temos sempre tudo pronto. O David, o cozinheiro, e excelente e temos sempre comida muito saborosa e requintada. Extraordinario!!!
No segundo dia a coisa complicou-se realmente. O objectivo era fazer 12 km, dos quais os primeiros 7 sao uma ascencao dos 3100m para os 4200m, o chamado "dead woman pass"... vai-se la saber porque!!!?¿ Foi HORRIVEL. Perdi tudo. Fiquei completamente KO. Subi, subi, subi. Nunca mais alcancava o topo e acho que subi durante quatro horas consecutivas. Foi super cansativo. Estava exausta. Os musculos doiam-me. O ar rarefeito era dificil de respirar. Foi um esforco muito grande, mas em momento nenhum pensei em desistir. Sempre que olhava para cima, em busca do topo, pelo qual deveriamos atravessar as montanhas, via o gelo dos cumes e pensava "Ja falta pouco, Carla. Tu consegues. Pensamento positivo". E foi assim que cheguei la acima. Quando olhei para baixo nao podia crer na ascensao que tinha feito. E tao alto. Parecia o topo do mundo. Mas... havia o outro lado! Duas horas para baixo, sobre trilho inca humedecido pela chuva que comecou a cair. O percurso estava escorregadio e era necessario descer devagar. Foi isso que fizemos. Os musculos contrarios aos da subida comecam a funcionar e os outros a relaxar e a ficar doridos. Sao dores musculares nas pernas mais a questao da altitude. Descemos e finalmente alcancamos o acampamento do segundo dia por volta das duas da tarde. Havia que descansar. O segundo dia foi duro e no dia seguinte teriamos novo percurso desta vez com dois passos. Dormimos a 3700m mas como bebes.
No terceiro dia despertamos as seis da manha para um percurso de 15km com dois passos. O primeiro a 3900m e o segundo a 3700m. Este dia e longo e cansativo porque o percurso e sempre a subir e a descer e os musculos estao ressentidos do dia anterior. As subidas sao custosas mas nada comparadas com o dia anterior. Pelo caminho vemos ruinas incas espectaculares e temos tempo para as visitar com a explicacao do guia. E um dia muito bom. Puxado, mas muito bom. Comecamos a caminhar as sete horas da manha e terminamos perto das seis da tarde. Chegamos ao nosso acampamento. O ultimo antes de alcancar Machu Pichu.
No ultimo dia madrugamos. Levantamo-nos as quatro da manha e comecamos a trekking de noite com frontais pelo meio da floresta tropical num percurso de 8km ate finalmente, por volta das 7 horas da manha alcancar Machu Pichu. E Inacreditavel o que sentimos quando finalmente vislumbramos o local. E uma sensacao de dever cumprido. So me apetecia saltar, gritar "Cheguei!!!, Consegui!!!!". E incrivel. Acho que Machu Pichu tem outro sabor. Tem um aspecto mistico. Tem um significado acrescido.
Quatro dias de trekking, pelo meio da floresta, sobre chuva, com dores, atravessando picos gelados... tudo faz sentido para depois encontrarmos a famosa "Cidade Perdida dos Incas", encontrada por Bingham.

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