Chiclayo - As Tumbas Reais do Senhor de Sipan


O nosso grande objectivo, quando decidimos passar pela cidade de Chiclayo, era visitar o recente (2002) e famoso Museu das "Tumbas Reales de Sipan". Porque famoso? Durante seculos, os tumulos ou complexos religiosos das civilizacoes que se sucederam na ocupacao do territorio andino foram quase sempre respeitados pelas civilizacoes que se seguiam. A "profanacao" mais grave que esses povos eram capazes de fazer era usar os complexos ja construidos como cemiterios para as suas proprias gentes. Em alguns casos, os complexos permaneciam mesmo intocados pois eram encarados como terreno sagrado. Com a chegada dos "conquistadores" espanhois, tudo mudou. A sede insane dos ocidentais pelo ouro e prata fez com que, ao longo de cinco seculos, a esmagadora maioria dos tumulos das civilizacoes pre-incas tenha sido saqueada e o seu interior transformado em lingotes, durante os seculos XVI a XVIII, ou vendido a "coleccionadores" na America do Norte, Europa ou Japao. Em 1987, o complexo dos tumulos reais de Sipan foi descoberto por saqueadores e as "escavacoes" ja estavam a comecar quando um arqueologo peruano, com a ajuda do governo, conseguiu proteger o local e proceder a recuperacao de tudo que la se encontrava. E o que se encontrou foi, simplesmente, o unico tumulo real intocado descoberto ate agora. Depois de anos de trabalho de recuperacao e restauro, com a ajuda de especialistas de varios paises, uma amostra significativa dos tesouros tumulares dos reis de Sipan esta em exposicao num museu com uma organizacao e arquitectura muito bem conseguidas. So com um senao... As fotos nao sao permitidas! Para se ter uma ideia das pecas em exposicao pode visitar-se o site oficial do museu http://www.tumbasreales.org/ ou entao pesquisar no Google as galerias de fotos disponiveis. O trabalho em ouro, prata, bronze, ceramica ou ainda em conchas e simplesmente espectacular. Mas o que mais me impressionou foi a estrutura e constituicao dos tumulos em si. Com o rei, foram enterrados duas mulheres, um a crianca, um sacerdote, um chefe militar, um vigia, um guardiao, um cao, um lama, e dezenas de artefactos relacionados com a vida quotidiana real. Isto demonstra bem a forca da crenca destes povos numa vida mais alem, na qual o rei continuaria a precisar de tudo o que o rodeava na vida terrena.

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