Chavin de Huaraz

Neste nosso primeiro dia à descoberta da regiao de Huaraz e da cordilheira branca, resolvemos aproveitar para conhecer as principais ruinas da civilizacao de Chavin. Esta é considerada a mais antiga grande civilizaçao do territorio peruano estando localizada aproximadamente entre 1200 A.C. e 400 D.C. Já os incas se referiam a esta civilizaçao como um "povo antigo e sábio". Estas ruinas, de descoberta relativamente recente e onde ainda decorrem escavaçoes por arqueologos norte-americanos e peruanos, constituem o que sobreviveu de um complexo cerimonial dedicado ao culto dos deuses maiores do panteao Chavin. De uma forma geral, pode dizer-se que as divindades Chavin se dividiam pelos tres mundos simbolizados pela serpente, puma e condor, divisao esta que perdurou durante centenas e centenas de anos, em muitas outras civilizaçoes, inclusive a inca. Este complexo era formado por uma praça central, onde se pensa se realizavam as principais cerimónias envolvendo o "povo" e por um conjunto de edificios a uma cota mais elevada que, juntamente com uma praça mais pequena, eram supostamente de acesso apenas a classe sacerdotal. Uma das caracteristicas que torna este local único é que, devido ao facto das civilizaçoes posteriores ocupantes do local o respeitarem como local de adoraçao, muito dele permaneceu intacto, tanto quanto a passagem de dois milénios o permite, claro. Assim, nos dois cantos da praça adjacentes aos edificios encontraram-se dois objectos de culto: uma estela, que foi transladada para um museu de Lima, e um obelisco, transladado para o museu próximo de Chavin, inaugurado há um mês e onde se podem admirar bastantes artefactos em pedra, osso e cerâmica provindos do complexo. Mas o que mais me impressionou no complexo foram os edificios sacerdotais. Todos eles, agora praticamente subterrâneos, foram construídos em pedra e obedecendo já a algumas técnicas anti-sismo. Em algumas portas ainda sao visiveis figuras de seres antropomórficos com elementos dos três animais já referidos. Localizadas em determinados pontos do complexo, existiam dezenas das chamadas "cabeças clavas", incrustadas nas paredes. Apenas uma resistiu ao tempo, permanecendo na sua posiçao inicial, estando algumas em exposiçao no museu Chavin. O interior de todos os edificios foi construido como uma espécie de labirinto, sendo que a sua complexidade atinge o auge na agora chamada "galeria dos labirintos", onde existe uma teia de túneis, em diferentes níveis e de diferentes tamanhos, desde uns onde só passa uma pessoa a rastejar até outros em que se pode andar em pé. Claro que nao faltam os becos sem saída! No centro desta galeria, existe ainda hoje, na sua posiçao inicial, incrustado no chao, uma especie de totem de mais de três metros de altura, que se pensa que seria o objecto de maior culto do povo Chavin, denominado hoje de "Deus Lanzon", pela forma de lança da pedra em questao. O original está protegido por uma parede de vidro, e uma réplica encontra-se no museu. Na sua superfície encontra-se esculpida a figura de um ser antropomórfico com elementos figurativos de morcego. Uma das coisas curiosas é que, de acordo com o guia que nos acompanhou, os arqueólogos tencionavam remover a pedra do seu local mas rapidamente chegaram a conclusao que, se o fizessem, desestabilizariam a estrutura de todo o edificio podendo levar ao colapso do mesmo. Assim, o "Deus Lanzon" continua onde sempre esteve, no passado, acessivel apenas para aqueles a quem era permitido entrar e que conseguiam atravessar um labirinto para o encontrar, hoje, visivel para qualquer turista que se desloque ao sítio arqueológico de Chavin de Huaraz e que compre o bilhete de entrada!

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